A Enfermagem de Família como alavanca para o desenvolvimento profissional

A Enfermagem de Família como alavanca para o desenvolvimento profissional
Bound by paperwork, short on hands, sleep, and energy... nurses are rarely short on caring. (Sharon Hudacek, "A Daybook for Nurses")

terça-feira, 10 de abril de 2012

Novidades para as USF's...

O ministro da Saúde adiantou ontem no Parlamento que, durante 2012, está prevista a abertura de 53 novas unidades de saúde familiar (USF).
De acordo com a distribuição geográfica avançada, as regiões do Norte (23) e de Lisboa e Vale do Tejo (20) são as que acolherão mais estruturas do género. Deverão igualmente surgir mais cinco USF na zona Centro do País e ainda outras cinco no Alentejo.
O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde anunciou também alterações à legislação em vigor. Nomeadamente para permitir a criação de um novo modelo de USF. Apesar de não ter desenvolvido muito o conceito, ficou a pista de que ele visa o surgimento de unidades «com mais do que um pólo».
Conforme já consta da metodologia de contratualização relativa aos cuidados de saúde primários para este ano, o responsável confirmou igualmente que outra das novidades legais será a possibilidade de as USF modelo B poderem «passar» a modelo A - «quando não cumpram os requisitos a que estão obrigadas».

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Crianças portuguesas ingerem quatro vezes mais sal do que o recomendado

O consumo de sal pela população infantil portuguesa é quatro vezes mais elevado do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
É importante os enfermeiros de família incorporarem este conhecimento nas suas consultas de enfermagem:
Um adulto médio necessita de 12 gramas de sal por dia;
Uma criança só precisa de três gramas;
Actualmente a hipertensão afecta 12 % das crianças e jovens portugueses que têm entre cinco e 18 anos de idade. 

Aliado a este facto está sem dúvida o "hábito alimentar" que lentamente se afasta da riquíssima alimentação tipicamente mediterrânea. E, no caso dos jovens, o excesso de fast food com o seu enorme poder de marketing que cada vez mais trabalha esta franja populacional altamente influenciável, tem um peso inegável. 
O exercício de uma parentalidade responsável também passa pela transmissão de adequados hábitos alimentares em família. A oportunidade da família desenvolver uma alimentação saudável, em virtude de existirem crianças ou jovens na família, deve ser um desafio colocado às famílias pelos enfermeiros nas suas consultas.

USF permitiram poupar 36 euros por doente

A implementação das Unidades de Saúde Familiar (USF) nos centros de saúde do distrito de Braga permitiu, em 2009, uma economia de 7, 8 milhões de euros em medicamentos e exames. O utente da USF saiu 36 euros mais barato do que o do centro de saúde.

 

Enfermeiros ajudam a manter o peso

O acompanhamento realizado por enfermeiros é tão eficaz a ajudar as pessoas a manter a perda de peso como um programa intensivo, dispendioso e de longas sessões com nutricionistas e preparadores físicos, revela um estudo publicado no “Canadian Medical Association Journal”.
"Os investigadores do Edgar National Center for Diabetes Research, na Nova Zelândia, contaram com a participação de 200 mulheres que, através de um grupo de acompanhamento liderado por um enfermeiro ou através de um programa intensivo de perda de peso, perderam pelo menos 5% do seu peso.

As mulheres que ingressaram no grupo de acompanhamento liderado por um enfermeiro monitorizaram o seu peso todos os 15 dias e discutiram com o profissional de saúde, em sessões de 10 minutos, a sua dieta e a sua actividade física. Nas semanas em que não havia monitorização de peso, os enfermeiros acompanhavam o desempenho das participantes por telefone. Mensalmente, as participantes eram apoiadas por um grupo de acompanhamento.

As mulheres que participaram no programa intensivo tiveram 11 sessões individuais, de 35 minutos, com um nutricionista e um preparador físico e frequentaram também um ginásio, duas vezes por semana.

O estudo revelou que, durante o primeiro ano, 93% das participantes que ingressaram no programa intensivo estiveram presentes em todas as sessões com o nutricionista e o preparador físico; no segundo ano, a taxa de comparência foi de 87%. Relativamente às sessões de treino no ginásio, estas foram menos populares, com cerca de 47% de participação no primeiro ano e 28% no segundo ano.

Quanto às mulheres que ingressaram no grupo acompanhado pela equipa de enfermagem, 89% compareceram nas sessões no primeiro ano e 85% no segundo ano. Só dois terços das participantes usaram regularmente o acompanhamento via telefone."



Há algum tempo li: "PHANEUF, Margot – O Acompanhamento sistemático das clientelas. Edição da Associação de Enfermeiros Especialistas em Enfermagem Médico-cirúrgica. Coimbra. 1999." e desde então que afirmo que o acompanhamento sistemático de clientelas, deve ser um dos pilares da prática profissional e, neste caso particular, enfatiza-se o seu sucesso, com recurso a um activo muito valioso nos CSP que são os enfermeiros. Descentralizar os CSP do medicocentrismo e dispor de uma intervenção plenamente autónoma e focalizada em problemas de enfermagem, pelos enfermeiros, acrescenta ganhos em saúde. 


Para PHANEUF, o modelo de gestão do acompanhamento sistemático das clientelas, incorpora uma preocupação com a qualidade dos cuidados e com o equilíbrio económico num desenho funcional que foi implementado nos EUA e Quebec, em meados dos anos 80 e que perdura por, entre outras, as seguintes razões:
• a prestação dos cuidados provenientes de diferentes disciplinas que participam na resolução das necessidades dos utentes;
• a segurança, por meio dum percurso lógico e pragmático do utente, através dos diferentes serviços, desde a admissão à alta hospitalar e acompanhamento domiciliário;
• a manutenção de grau elevado de bem estar e de satisfação do doente durante o seu percurso pelos diversos serviços;
• o controlo de custos, evitando os circuitos inúteis no sistema de cuidados, as demoras indevidas, a duplicação dos actos profissionais e as intervenções mais dispendiosas.


O acompanhamento sistemático das situações clínicas (quaisquer que seja a sua natureza), como alavanca de saúde na prevenção e acompanhamento de diversos problemas em parceria com o cliente e, com recurso à educação para a saúde ajudando o cliente, empoderando-o rumo a uma autonomia na gestão do seu projeto de saúde, deve ser uma intervenção dos enfermeiros de família, pois eles melhor do que ninguém têm acesso ao contexto familiar e poderão maximizar os recursos internos da família em prol dos seus objectivos.